AGENDA

Agenda da Academia

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Conto

 

 LETRAS

Jorge Domingues Lopes


Acabo de entrar na sala de aula e ainda sem acreditar que estou aqui e que, a partir de hoje, já sou uma UNIVERSITÁRIA. Sim, uma estudante do Curso de Letras! Adeus Ensino Médio, foi bom enquanto durou. Mentalmente repito esse “título” conquistado com tanto esforço, já que foram dias e noites, durante meses, debruçada sobre pilhas e pilhas de livros de todas as matérias. Valeu a pena, sim, “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”! Aqui estou. Quase não consigo me segurar de tanta felicidade, bem diferente da minha família, que ainda está sob o efeito da notícia que dei no dia do resultado do vestibular.

Naquela manhã em que ouvi meu nome ser lido no rádio, corri do quarto pra sala gritando pra todo mundo saber que eu tinha passado no vestibular. Ainda lembro dos rostos de meus pais, naquele momento, se iluminarem de alegria com muita ternura. Mas... logo viria a fatídica pergunta que mudaria tudo: “Em que curso você passou, filha?”. Então, acreditando que eles, diante de toda aquela euforia, pouco se importariam com a resposta, eu disse: “Em Letras!”. Naquele instante, eles se entreolharam, como se não tivessem ouvido direito o que eu tinha acabado de dizer. Contente, repeti: “Passei em Letras na Universidade Federal do Pará!”. Para um pai dentista e uma mãe engenheira civil, as expectativas de formação universitária da única filha não se voltavam, com certeza, para opções fora dos restritos círculos das ciências da saúde, das engenharias ou, até mesmo, das ciências biológicas. Humanas e Letras sequer eram lembradas como áreas existentes no espaço universitário.

Apesar do silêncio que se fez naquele dia tão marcante para mim, não cogitei, em nenhum momento, desistir do que eu, sozinha, tinha escolhido e lutado para conseguir. Não preciso dizer que recebi propostas tentadoras para eu me matricular no melhor curso de medicina da faculdade particular mais cara da cidade ou no curso mais “top” de direito. Ouvi tudo isso e, com muita calma e cuidado, agradeci as ofertas e expliquei serenamente que eu queria experimentar o curso para o qual eu tinha sido aprovada.

Eu, sendo ainda tão jovem, não poderia ter tanta segurança sobre uma escolha que definiria meu futuro, pensavam meus pais. Pode até ser que eu esteja tomando uma decisão precipitada ao abrir mão de todas as possibilidades que eles podem me proporcionar, mas, sabe aquela sensação de que algo te espera do outro lado do espelho? Aquela vontade de fazer o tempo correr mais rápido só pra que chegue logo a hora do encontro? E quando o encontro começa, a vontade de segurar o tempo para que ele nunca acabe? Sabe aquela sensação que te faz suar as mãos e sentir um frio no estômago? Então, é desse jeito que eu estou. Um encontro marcado com meu Curso! Sim, estou muito ansiosa, curiosa, com uma pontinha de medo, mesmo já saben­do mais ou menos o que vou estudar — porque li tudo o que pude sobre o Curso e também participei de uma Feira do Vestibular, onde vi e ouvi pessoas falarem com paixão do que estudavam e ensinavam nessa área. Se me perguntarem agora o que me levou a tomar essa decisão, eu, sinceramente, não saberia responder. Só aconteceu. Não dá pra explicar a paixão. Só sei dizer que, no silêncio que antecede a minha primeira aula, estou me sentido plena, universitária e, por isso, escrevo estas palavras com Letras repletas de ternura e paz.

Citação: LOPES, Jorge Domingues (org.). Letras. In: 35 anos do Curso de Letras do Campus do Tocantins/Cametá-UFPA – Antologia. Cametá, PA: Faculdade de Linguagem, 2022. p. 28-29.

 

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Biblioteca - Livro Ondas sonoras: versos, de Carlos H. de Santa Helena Magno


 

Reprodução do original (não editada)

 

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  Reprodução do original (editada)

 

Citação: SANTA HELENA MAGNO, Carlos H. de. Ondas sonoras: versos. Belém: Conselho Estadual de Cultura, 1974. 98p. (Coleção "Literatura Paraense"; Série "Eustáquio de Azevedo").

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Imagem - Escritor marajoara Dalcídio Jurandir

 Este desenho do escritor marajoara Dalcídio Jurandir foi feito pelo artista Lenine, no dia 16 de maio de 2009, na Praça da República, em Belém (PA) e serviu para ilustrar a III Antologia Literária do Marajó. O original foi doado para a Associação Dalcídio Jurandir, de Ponta de Pedras (PA).


 

domingo, 1 de outubro de 2023

Biblioteca - Antologia Literária Soure Pérola do Marajó

 Por ocasião dos festejos do aniversário da cidade de Soure (Marajó-PA), foi publicada a Antologia Literária Soure Pérola do Marajó.


 

Citação: VITELLI, Dilomeno Márcio Maués. Antologia Literária Soure Pérola do Marajó. Soure, PA : Biblioteca Pública Municipal Carmelita Gouvêa; Prefeitura Municipal de Soure; Belém: Folheando, 2023. 260p. ISBN 978-65-5404-133-1.

domingo, 24 de setembro de 2023

Biblioteca - 2.º Concurso CATA de Literatura: Poesias

 Em 1989, foi publicado, em Belém, pela Fundação Valdemiro Gomes, o resultado do 2.º Concurso CATA de Literatura: Poesias.

 
SUMÁRIO

Primeiro lugar
Águas do sauatá ou memorial da enchente
José Ildone Favacho Soeiro 7-16

Segundo lugar
Antecedência sobre as outras faces amazônicas
Francisco Klinger Carvalho 17-25

Terceiro lugar
Mãe D'água
Antonio Juraci Siqueira 27-34

Menções Honrosas
Paisagem sobre o verde violentado
Alfredo Garcia 35-44

Águas & mágoas
Antonio Juraci Siqueira 45-50

Capuz de calafates
José Ildone Favacho Soeiro 51-53

Outros poemas classificados
Amazônia

Maria José de Araujo Souza 55

Brasão de barro
Antonio Juraci Siqueira 57-58

O rio, as sílabas
Alfredo Garcia 59-60

Constante Amazônia
Sandra Maria Alves de Melo 61-66

Bravos Guerreiros decadentes
José Jucimar Clemente de Almeida

Corpo paraense
André Silva de Oliveira 69-70

Sepulcro na boca da mata

Maria Roseli de Sousa 71-72

Prece ao rio
Eu vi nascer um barco
Queimada

Edson Alfredo Monteiro de Oliveira 73-76

Não era Boiúna, não
José Raimundo da Silva Maués 77-80

Caiporismo
Nedaulino Viana da Silveira 81-82

A lenda da Vitória-Régia
Silvia Helena Tocantins de Mello 83-88

Ave rara
José Antonio Bitterncourt Nunes 89-90

 Citação: 2.º Concurso CATA de Literatura: poesias. Belém: Fundação Valdemiro Gomes, 1989. 90p.

domingo, 17 de setembro de 2023

sábado, 16 de setembro de 2023

Biblioteca - 1.º Concurso CATA de Literatura: Contos

Em 1988, foi publicado, em Belém, pela Fundação Valdemiro Gomes, o resultado do 1.º Concurso CATA de Literatura, na categoria Contos.


SUMÁRIO

Apresentação

NOTA À MARGEM
Acyr Castro

UM SONHO AMAZÔNICO
Haelmo José Hass Gonçalves

METAMORFOSE
Antonio Juraci Siqueira

O TERÇADO
José Ildone Favacho Soeiro

UM ÍNDIO MUITO ESPERTO
Ernesto Pinho Filho

NA TRAVESSIA, DENTRO DA NOITE FEIA

Fernando Canto

BRINQUEDOS DE CABOCLINHA
Nilzete dos Reis Pereira

Citação: 1.º Concurso CATA de Literatura: contos. Belém: Fundação Valdemiro Gomes, 1988. 50p.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Título de Cidadão Cametaense

 

 


Hoje recebi uma notícia que me deixou muito feliz. A Câmara de Vereadores de Cametá me concedeu o título de Cidadão Cametaense. Assim, além do vínculo afetivo que eu já tinha com esta terra querida que me acolheu há mais de uma década, agora também tenho uma honraria que diz publicamente que faço parte desta tradicional comunidade do baixo Tocantins (Amazônia, Pará). O anúncio foi feito durante o Seminário Nacional de Educação e Cultura que estou coordenando junto com toda a equipe do Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura do Campus de Cametá da Universidade Federal do Pará. Agradeço à Câmara Legislativa de Cametá, na pessoa do vereador Francisco Assis da Silva Gomes, que foi pessoalmente ao Campus e participou do anúncio, à Coordenadora do Campus da UFPA-Cametá, profa. Dra. Lucilena Gonzaga, que anunciou a concessão lendo o documento oficial, e à sociedade cametaense ter-me agraciado com tamanha distinção.

Esse título representa uma forma simbólica de dizer, por meio do discurso oficial, que alguém tem visibilidade num contexto social e que a sociedade quer que a pessoa seja revestida de uma identidade linguística, histórica, profissional e espacial compartilhada, numa construção coletiva junto com as pessoas do lugar onde se constrói história, onde se atua e se vive. Assim, revestimo-nos efetiva e literariamente de novos eus, e agora é a vez do 'eu cametaense' ganhar voz, de mãos dadas com os irmãos e com as irmãs cametaenses navegando ao ritmo da terna melodia das belas águas do grande rio Tocantins.


sábado, 22 de outubro de 2022

Biblioteca – “Manifesto antropófago”, de Oswald de Andrade

 

 


Nesta data de 22 de outubro, no ano de 1890, nascia, em São Paulo, o escritor José Oswald de Sousa de Andrade, que se destacaria no movimento modernista brasileiro. Além dos manifestos, ele escreveu poemas, romances, peças teatrais e outros textos.
Para conhecer um pouco mais desse grande escritor brasileiro, acesse:
https://www.ebiografia.com/oswald_andrade/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oswald_de_Andrade

Em 1928, Oswald de Andrade leu o “Manifesto antropófago” para seus amigos, na casa de Mário de Andrade. O texto foi publicado na Revista de Antropofagia, ainda em 1928. Para lembrar e celebrar o aniversário de Oswald, reproduzimos aqui o fac-símile do Manifesto.

Jorge Domingues Lopes





quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Biblioteca - Poesia “O adormecido do vale”, de Arthur Rimbaud

 

Jean-Nicolas Arthur Rimbaud nasceu no dia 20 de Outubro de 1854, em Charleville, França, e faleceu aos 37 anos, no dia 10 de Novembro de 1891, em Marseille, França. Poeta simbolista, tornou-se um dos nomes mais conhecidos da literatura francesa e mundial.
Suas principais obras são: Le Bateau ivre (1871), Une saison en enfer (1873) e Illuminations (1872-1875). Para saber mais sobre Rimbaud, acesse:

https://musee-arthurrimbaud.fr
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Rimbaud

No Brasil, comemora-se no dia 20 de Outubro o DIA DO POETA. É mera coincidência de datas essa comemoração e o dia de nascimento do poeta francês Arthur Rimbaud.

Então, para celebrarmos esses dois acontecimentos, trago um dos poemas mais conhecidos de Rimbaud, Le dormeur du val, publicado originalmente no quarto volume da Anthologie des poètes français, em 1888, seguido da tradução que fiz (mais literal que poética) para o português. Boa leitura!

Jorge Domingues Lopes

 

 LE DORMEUR DU VAL

C’est un trou de verdure où chante une rivière,
Accrochant follement aux herbes des haillons
D’argent ; où le soleil, de la montagne fière,
Luit : c’est un petit val qui mousse de rayons.

Un soldat jeune, bouche ouverte, tête nue,
Et la nuque baignant dans le frais cresson bleu,
Dort ; il est étendu dans l’herbe, sous la nue,
Pâle dans son lit vert où la lumière pleut.

Les pieds dans les glaïeuls, il dort. Souriant comme
Sourirait un enfant malade, il fait un somme :
Nature, berce-le chaudement : il a froid.

Les parfums ne font pas frissonner sa narine ;
Il dort dans le soleil, la main sur sa poitrine,
Tranquille. Il a deux trous rouges au côté droit.



O ADORMECIDO DO VALE

É um buraco de verdura onde canta um rio,
Loucamente prendendo à relva trapos
De prata; onde o sol, da montanha orgulhosa,
Brilha: é um pequeno vale a espumar luzes.

Um jovem soldado, boca aberta, fronte nua,
E a nuca banhando no fresco agrião azul,
Dorme; ele está estendido na relva, sob o céu,
Pálido em sua cama verde onde chove a luz.

Os pés nas flores, ele dorme. Sorrindo como
Sorriria uma criança doente, ele tira um cochilo:
Natureza, embala-o calorosamente: ele tem frio.

Os perfumes não irritam sua narina;
Ele dorme ao sol, com a mão sobre o peito,
Tranquilo. Ele tem dois buracos vermelhos ao lado direito.